A cidade de Floriano foi uma das primeiras no Brasil a ofertar na rede de Atenção Básica do município a cloroquina e azitromicina, medicação utilizada no tratamento da Covid-19. O protocolo tem chamado atenção da comunidade médica em todo o país, pois o que se tem observado é que o tratamento no estágio inicial da doença tem mais eficácia do que em casos mais graves.
A decisão pela utilização desse método se deu através da troca de experiências entre a médica Marina Bucar, florianense radicada na Espanha que já tratou mais de 600 pacientes na Europa e o corpo médico de profissionais da Secretaria de Saúde e Hospital Regional Tibério Nunes. A médica Isadora Lira, da Atenção Básica de Floriano, acredita que o paciente precisa ser tratamento assim que é diagnosticado o vírus. “Nós podemos adaptar esse protocolo com outras medicações, mas por enquanto, é este que vem dado certo”, relatou.
Segundo o Secretário de Saúde de Floriano, James Rodrigues, a preocupação das autoridades de segurança é garantir o tratamento já nos primeiros sintomas e assim barrar o agravamento da doença. “Com a medida, podemos diminuir muito o número de pessoas internadas nas UTIs do Tibério Nunes”, disse.
A Secretaria de Saúde de Floriano adquiriu trezentos kits da medicação utilizada em fase inicial do tratamento da Covid-19 (cloroquina e azitromicina). Esse método foi dividido em duas fases, o primeiro é utilizado no tratamento de pacientes acometidos em fase inicial pela Covid-19. A medicação está disponível na Rede Municipal de Saúde, especificamente, na Unidade Básica de Saúde Funasa, referência para atendimento em casos de síndromes gripais.
Além da medicação, a Secretaria de Saúde de Floriano monitora os pacientes através de exames específicos, como eletrocardiograma, o que garante maior eficácia ao tratamento desenvolvido. No tratamento disponibilizado, ainda na Atenção Básica em Floriano, o paciente com dois dias de sintomas é submetido a medicação prescrita pelo médico responsável com duração de cinco dias.
O parecer 01/2020 das Câmaras Técnicas de Infectologia e de Medicina Intensiva do Conselho Regional de Medicina do Piauí, diz que o profissional médico possui autonomia para prescrever a cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19, devendo o paciente ser informado dos riscos, efeitos adversos e precauções por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. “Os pacientes para os quais forem prescritas cloroquina ou hidroxicloroquina precisam ser monitorados”, diz a nota.
Segundo o médico Justino Moreira, Diretor Técnico do Hospital Regional Tibério Nunes, o tratamento na fase inicial da doença tem sido de fundamental importância para a melhora clinica dos pacientes submetidos à medicação. “Nos primeiros dias, o vírus circula no organismo e depende da resposta imunológica da pessoa. Na maioria dos casos, os anticorpos conseguem combater a doença. Mas em outras acontece um hiperinflamação, comprometendo os pulmões”, disse.
Estudos realizados na Espanha – um dos países mais atingidos pela doença – apontaram que o pulmão é o órgão mais afetado pelo Covid-19, engrossando as paredes dos tecidos pulmonares, danificado e formando cicatrizes, o que endurece e prejudica a elasticidade do aparelho respiratório. A fibrose pulmonar também foi identificada em pacientes de todos os países onde a doença foi notificada.
Se o paciente não evolui bem na primeira fase do tratamento, o que não aconteceu até agora, e apresenta sintomas moderados com alteração radiológica ele seguem para internação hospitalar. Neste estágio, os médicos costumam adotar a pulsoterapia com metilprednisolona na fase inflamatória. “Ainda é um número pequeno, mas animador. Considero um divisor de águas que se não puder ser incorporado aos protocolos oficiais nesse momento deveriam estar disponíveis na rede hospital do estado para que os médicos exerçam sua autonomia com o consentimento dos pacientes”, disse Justino Moreira.
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